Estudantes da Esamc Santos analisaram métodos utilizados pelos criminosos e recursos já empregados pelos terminais portuários
Um grupo de cinco engenheiros eletricistas, estudantes da Esamc Santos, desenvolveu um drone marítimo inédito a fim de reforçar a segurança dos terminais portuários contra o tráfico internacional de drogas, que utiliza o Porto de Santos, considerado o maior da América Latina, como rota estratégica para despachar entorpecentes a todas as partes do mundo.
Segundo informações da Receita Federal e da Polícia Federal, até 3 de outubro deste ano já haviam sido localizados 17.217 kg de cocaína, quantidade que supera as apreensões de 2017 (11.539 kg), 2016 (10.622 kg), 2015 (1.049 kg) e 2014 (435 kg).
Foram esses números cada vez maiores que motivaram os engenheiros Henrique Cunha, Jefferson Santos, Leandro Zipolli, Leonardo Azevedo e William Silva a estudarem métodos utilizados pelos criminosos e os recursos existentes nos terminais portuários. Durante pesquisa, o grupo identificou que os terminais já possuem uma série de equipamentos de segurança como câmeras, equipes de vigilância, scanner e detectores de metal, porém, não existe nenhum recurso para detectar embarcações não autorizadas do lado oposto em que o navio encontra-se atracado.
“O equipamento será usado pela equipe de segurança da instalação sempre que um navio estiver atracado em seu costado, assim será possível prevenir que barcos, mergulhadores e/ou objetos que não sejam previstos pela operação se aproximem do navio e cometam alguma prática ilícita”, explica o engenheiro Leandro Zipolli.
Como funcionará o drone?
Diferentemente dos drones aéreos já conhecidos, o equipamento é uma embarcação não tripulada em formato catamarã, com dimensões de 4 metros de comprimento, 2,10 metros de largura, 2,50 metros de altura, e peso de 375 kg distribuídos nos dois cascos. O drone foi desenvolvido para funcionar de forma autônoma, com utilização de um sistema elétrico que descarta o uso de combustível fóssil.
A recarga das baterias pode ocorrer através da rede elétrica convencional, enquanto o equipamento estiver fora de uso, ou através da energia solar, quando estiver em operação. A detecção de aproximação, seja uma embarcação ou pessoa, será feita através dos equipamentos de radar e sonar, além disso, uma âncora será lançada automaticamente no ponto desejado pelo operador, desta forma, suportando a correnteza e economizando o tempo de bateria.
Câmeras fixas serão responsáveis pelo monitoramento em 360 graus e uma câmera com recurso térmico para zoom também foi implantada para visualização em ambientes escuros e longas distâncias. O controle do drone será feito de dentro do terminal, onde o operador poderá posicionar o equipamento por GPS ou por controle remoto (joystick). Ao receber um sinal, seja por sonar, radar ou câmera, um alerta será emitido ao operador e ele poderá tomar providências como disparo de sirene, uso de sinalização (giroflex) e refletores, coibindo a ação dos criminosos via mar. A comunicação entre a embarcação não tripulada e o terminal ocorrerá através de antenas wi-fi.
Segundo os engenheiros, a ideia é que cada terminal possua o seu equipamento, que também poderá ser vendido às autoridades portuárias. “O número de drones pode variar de acordo com a quantidade de berços de operação e a necessidade do terminal. Além de apresentar o projeto para as empresas, a ideia é também mostrá-lo às autoridades, como Polícia Federal, Receita Federal e Marinha.
Técnicas para embarque de drogas
Os criminosos aprimoram cada vez mais as técnicas para o tráfico. A Polícia Federal já encontrou pacotes de cocaína escondidos em barras de chumbo, pedras de granito, tambores de suco de laranja, sacos de café, latas de fruta em calda, rolos compressores e retroescavadeiras. Reportagem divulgada pelo Fantástico, da Rede Globo, mostrou que empregados que trabalham nos portos colaboram com os criminosos, colocando drogas presas ao corpo, desligando luzes do cais e mudando os ângulos das câmeras de vigilância para não serem identificados.
A matéria mostrou que, em geral, barcos pequenos abastecidos com cocaína encostam no navio para a carga ser içada, sendo um esquema possível apenas com a colaboração de tripulantes.
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