Modelo pode ser adaptado e implantado em qualquer lugar. Custo é duas vezes mais barato do que uma construção em alvenaria
Em novembro deste ano, um aluno de oito anos desmaiou de fome numa escola pública do Distrito Federal. Ele e muitas outras crianças, por morarem longe, saem de casa às 11h para chegar à escola às 13h. Por isso acabam não almoçando e a escola não fornece a refeição.
Coincidentemente, na mesma época da reportagem, cinco alunos do 10º semestre de Engenharia Civil da Esamc Santos estavam finalizando a entrega do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), que consistia justamente numa solução para atender esse tipo de demanda.
Pensando no problema das escolas, com estruturas precárias e em locais afastados, os estudantes viram no contêiner, já muito utilizado na construção de residências e de lojas, uma solução possível pelo custo, tempo de construção e pela possibilidade de se implantar uma escola que pode ser adaptada de acordo com o espaço disponível.
A Escola Modular, orientada pelo professor Alessandro Borraschi e idealizada pelos universitários Débora Farias, Julio Lara, Marjory Lessa, Nicholas Barreto e Patrícia Marcondes, possui quatro salas de aula, cozinha, banheiro masculino e feminino, sala dos professores, diretoria, biblioteca, pátio, refeitório, quadra poliesportiva e leva apenas seis meses para ficar pronta. Cada módulo sai em média por R$ 50 mil, o que resultaria num custo total de R$ 400 mil, inclusive já com as mobílias. Cada sala de aula acomodaria 27 alunos, somando 108 estudantes por turno.
“Um dos nossos objetivos era desenvolver um projeto que tivesse impacto social. E por que a escola? Porque se a gente quer uma sociedade melhor, temos que pensar em quem vai mudar essa sociedade, que são as crianças os jovens”, justifica a estudante de engenharia civil Marjory Lessa.
Outro diferencial da Escola Modular é a preocupação com a sustentabilidade. Em cima das salas de aulas foram projetados telhados verdes que além refrescar o ambiente, possibilitam a construção de hortas. O projeto também possui aplicação de placas para captação de energia solar e calhas para armazenar água da chuva, que seria reutilizada em descargas ou para lavar os espaços.
Segundo os estudantes, o projeto também poderia ser adaptado para reformas, utilizando o contêiner enquanto acontece uma obra; para construir um espaço anexo a outro já construído; ou ser adaptado para espaços de reforço escolar em comunidades, para sediar ONGs etc.
“Queremos mostrar para a sociedade que é possível proporcionar soluções e conter gastos. Por isso, pretendemos mostrar o projeto para vereadores das cidades da Baixada e quem sabe, para o governo do Estado”, diz Patrícia Marcondes.
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