Influenciadores ganham espaço na política e ampliam debate sobre preparo e gestão de imagem

Clara Laface analisa movimento crescente dos partidos e alerta para riscos na transição de criadores de conteúdo para a vida pública

Recentemente, um movimento nas redes sociais reacendeu o debate sobre influenciadores na política. Um prefeito utilizou seu perfil para comentar a possibilidade de um criador de conteúdo entrar na vida pública e aproveitou para reforçar publicamente o convite. Na publicação, defendeu que a política precisa se renovar, representar diferentes vozes e dialogar com públicos que hoje estão distantes das estruturas tradicionais. Ao mencionar diretamente o influenciador, deixou claro o interesse em aproximá-lo do cenário partidário, gesto que repercutiu e ampliou a conversa sobre esse fenômeno em expansão.

Para Clara Laface, especialista em imagem pessoal e corporativa, esse movimento reflete a tentativa dos partidos de renovar suas narrativas e alcançar públicos que rejeitam modelos tradicionais de comunicação. Segundo ela, a lógica não é nova. “Os partidos sempre buscaram os chamados puxadores de voto, principalmente para eleições de deputados e vereadores por conta do sistema proporcional. Quanto mais voto um candidato tem, mais ele consegue puxar outros da mesma coligação. Além de ser uma estratégia de imagem, é uma forma de ampliar o número de cadeiras em plenário.” Clara lembra que influenciadores hoje ocupam o papel das “novas celebridades”, capazes de redesenhar o alcance eleitoral das siglas. “Isso permite que o partido se conecte com públicos que não alcançaria pelos canais tradicionais e atualize sua narrativa na mente do eleitor novo ou antigo. Mas há riscos.”

A presença digital consolidada desses criadores pode, de fato, aproximar diferentes segmentos — especialmente os mais jovens. “Pode ajudar desde que exista relevância. Não basta ter seguidores; é fundamental que o influenciador demonstre entendimento dos temas sociais e se posicione com coerência. Quando há consistência, ele se torna um atalho para aproximar o eleitor jovem, que costuma rejeitar discursos tradicionais e responde melhor a referências contemporâneas e a vozes reconhecidas no ambiente digital.”

Contudo, migrar do ambiente informal para o espaço institucional exige ajustes profundos. “O principal ajuste é compreender o terreno em que está entrando. A atuação política exige responsabilidade, posicionamento técnico e domínio mínimo do funcionamento do sistema. É um ambiente que cobra postura, linguagem e comportamento alinhados à função pública.” Clara reforça que é preciso reorganizar comunicação, conduta, repertório e presença para sustentar credibilidade fora do entretenimento.

Os riscos reputacionais, segundo ela, são igualmente relevantes. “Na política, cada frase, gesto e histórico passa a ser analisado com rigor. A falta de preparo técnico, incoerências de posicionamento e eventuais controvérsias podem se transformar em ataques rápidos e duradouros. Além disso, a transição precipitada pode comprometer tanto a reputação do influenciador quanto a credibilidade do partido que o apoia.”

Para Clara, a popularidade não pode ser confundida com capacidade de atuação pública. “Influência digital não substitui experiência, responsabilidade pública ou capacidade de tomada de decisão. Popularidade acelera alcance, mas não constrói autoridade institucional. A política exige preparo contínuo, entendimento das demandas sociais e inteligência emocional quando se está sob pressão. Sem isso, a relação entre influenciadores e partidos tende produz mais ruído do que resultado.”

A especialista reforça que o tema deve continuar em alta porque combina dois elementos longevos: a transformação do comportamento político do eleitor e a profissionalização crescente da imagem digital. Mesmo quando episódios específicos deixam o ciclo das redes, o debate permanece — e tende a se intensificar.

Sobre Clara Laface
Clara Laface é fundadora da Clara Laface Imagem Pessoal & Corporativa, consultoria especializada na gestão estratégica da imagem de profissionais, líderes, equipes e organizações. Atua na intersecção entre aparência, comunicação, comportamento e marca pessoal, com foco em construir posicionamentos legítimos e consistentes.

A consultoria segue o modelo butique, caracterizado por atendimentos personalizados, metodologias próprias e projetos desenvolvidos sob medida, alinhados à identidade e aos objetivos de cada cliente.

Sua formação inclui certificações nacionais e internacionais, além de uma trajetória consolidada em marketing, liderança e governança. Foi Vice-Presidente de Marketing da AICI Brasil (2022–2024) e reconhecida como Membro do Ano em 2024, em reconhecimento à sua contribuição para o fortalecimento e a valorização do mercado de imagem no Brasil.

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